O ESTATUTO PROVISÓRIO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO MODERNO



Clique para ler um trecho do livro 'A lógica da pesquisa científica' de Popper



Muitas pessoas dogmatizam o conhecimento científico e creem nele com inabalável fé, uma fé cega e mal fundamentada. Fazendo da ciência sua religião, absolutizam o que não tem estatuto irrevogável e de modo contraditório criticam o dogmatismo religioso. Acontece que as verdades reveladas são irrevogáveis, as científicas não. São apenas provisórias. Infelizmente, dentro da Igreja, muitos infectados por uma concepção equívoca do estatuto da ciência, relegam as verdades da fé ao rol das verdades de 'segunda categoria' como ainda não confirmadas pela 'infalibilidade' da ciência. Engano pueril.

O CARÁTER PROVISÓRIO DO CONHECIMENTO
CIENTÍFICO MODERNO
EM KARL POPPER


Nas obras, 'Lógica da pesquisa científica', e ' sociedade aberta e seus inimigos', o filósofo da ciência, Karl Popper demonstra que:

1) Uma teoria científica será sempre conjectural e provisória. Não é possível confirmar a veracidade de uma teoria pela simples constatação de que os resultados de uma previsão efetuada com base naquela teoria se verificaram. Essa teoria deverá gozar apenas do estatuto de uma teoria não (ou ainda não) contrariada pelos fatos.

2) O que a experiência e as observações do mundo real podem e devem tentar fazer é encontrar provas da falsidade daquela teoria. Este processo de confronto da teoria com as observações poderá provar a falsidade da teoria em análise. Nesse caso há que eliminar essa teoria que se provou falsa e procurar uma outra teoria para explicar o fenômeno em análise. (Ver Falseabilidade). Em outras palavras, uma
teoria científica pode ser falsificada por uma única observação negativa, mas nenhuma quantidade de observações positivas poderá garantir que a veracidade de uma teoria científica seja eterna e imutável.

3) "Científico" é apenas aquilo que se sujeita ao confronto com os fatos. Ou seja: afirmam que só é científica aquela teoria que possa ser falseável (refutável).

4) Para Popper, o método do falsificacionismo não é princípio de exclusão, mas tão somente de atribuição de graus de confiança ao objeto passível do crivo científico.

5) O estado atual da ciência é sempre provisório. Ao encontrarmos uma teoria ainda não refutada pelos fatos e pelas observações, devemos nos perguntar, será que é mesmo assim ? Ou será que posso demonstrar que ela é falsa ?

6) Por falibilismo, Popper entende que não existe certeza do conhecimento científico, pois todo conhecimento é conjectural. E por abordagem crítica, ele quer demonstrar o que justamente foi denominado de racionalismo Crítico. Todas as teorias científicas estariam abertas ao criticismo, uma vez que o seu produto é falsificável. (Método da falseabilidade ou falsificacionismo)

7) A ciência seria um caso especial de diálogo socrático, onde aprendemos com a eliminação dos erros diante da crítica. A ideia socrática do não-saber toma aqui outro rumo: a cada nova descoberta, surgem novos problemas, reforçando a consciência de que apenas conseguiu-se aproximar da verdade de que unicamente se fez uma tentativa de resolver o problema.

8) Na visão do Popper socrático, a ciência é mais um processo em estado de fluxo constante, do que uma postura estabelecedora de verdades estáveis não sujeitas à revisão. Não há método infalível, nem autoridade, nem fatos inquestionáveis. “A ciência é pensamento cientifico sem método científico” (Boland, 1994:162).

9) Só podemos falar em “estado atual das investigações.”

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