1789: UMA REVOLUÇÃO CONTRA CRISTO



REVOLUÇÃO FRANCESA: UMA REVOLUÇÃO CONTRA CRISTO


“Em nome da Revolução levou-se a cabo na França um verdadeiro extermínio, especialmente de católicos, sobretudo no oeste e em La Vendée. No caso de La Vendeé, foi dada a ordem de eliminar as mulheres para que não pudessem trazer filhos ao mundo e mutilar os meninos para que quando maiores não se tornassem guerrilheiros. A Revolução suprimiu, sem cerimônia, o papel da Igreja na ordem social dos séculos XVIII e XIX: com o desaparecimento dos conventos e execução de milhares de sacerdotes, apesar de que, em 1789, os elementos do baixo clero tinham se unido aos Constituintes que derrubaram a antiga ordem social, desapareceram hospitais, asilos, casas de caridade, albergues, escolas. A retórica das leis humanitárias não pôde evitar que, na França, dos seus dezesseis milhões de habitantes em idade ativa, dois milhões fossem mendigos.” (CRUZ, Juan Cruz. Filosofia da História. São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio”, 2007, p.190)

“Contudo, no seio desta libertação pelo direito, certos paradoxos que mostrariam o lado utópico da Revolução começaram a ficar evidentes. O mais claro foi a relação entre a Revolução e a Igreja Católica. Como a Revolução era a proclamadora de liberdade, igualdade e Fraternidade, por que via na Igreja Católica o principal inimigo? A Revolução não foi simplesmente anticlerical, porém algo mais grave: foi anticristã, anticatólica. Pretendeu descristianizar o país, extirpando um dos fundamentos culturais do homem. Seguiu as pautas do Iluminismo com seu modelo de homem sem visão transcendente.”
(CRUZ, Juan Cruz. Filosofia da História. São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio”, 2007, p.179)

“Se, em 1789, a maioria dos franceses era católica praticante, quinze anos mais tarde, um terço dos católicos não cumpriam sequer o preceito dominical ou o pascal. A Revolução levou a cabo a descristianização maciça da França.”
(CRUZ, Juan Cruz. Filosofia da História. São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio”, 2007, p.179-180)

“A antiga idéia de pecado é traduzida agora em termos de exploração, desigualdade e opressão; e o modo pelo qual se sai dele não é a Redenção, mas a ‘Revolução’”. (
CRUZ, Juan Cruz. Filosofia da História. São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio”, 2007, p.188)

“A transformação do novo templo de Ste. Geneviève no Panteão dos homens ilustres confirmaria Paris ainda mais como a sede da religiosidade revolucionária. O Panteão foi concebido como templo no qual ‘tudo será deus, exceto o próprio Deus.’”
(SABORIT, Ignasi Terradas. Religiosidade na Revolução Francesa.Rio de Janeiro: Imago, 1989, p.153)

“Assim, faz sentido essa celebração de Rousseau, Franklin, Voltaire e Mirabeau feita pelos jacobinos em 12 de fevereiro de 1792: “Cidadãos, cidadãs, que hoje reunis neste recinto as imagens reverenciadas desses filósofos, primeiros deuses da liberdade que criaram de pólo a outro do mundo, vós que prestais a sua memória o culto e as homenagens que todo cidadão amigo da igualdade e da humanidade lhes deve, segui vosso caminho, marchai com firmeza e sob a proteção das leis e dos estandartes da liberdade; ensinai, cultivai a moral pura dos Voltaire, dos Rousseau, e assim como Franklin e Mirabeau amai com grande estima a vossa pátria, defendendo-a de todas as investidas dos déspotas: arrancai seus cetros e colocai-os não mãos da razão, a única que deve governar o universo...”
(SABORIT, Ignasi Terradas. Religiosidade na Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Imago, 1989, p.158)

Segue um trecho da "missa" sans-cullote, verdadeira réplica da missa católica, com inversões simbólicas evidentes:

“Nota- O sumo sacerdote, o primeiro Ministro, não deve usar nenhum traje especial. Deve estar vestido de soldado, ou usar a faixa de magistrado do povo. Na medida do possível, deve ter uma voz dotada de extensão e emoção...
A sala está escura, a estátua da Liberdade se encontra sobre o altar colocado no fundo do templo. O Sumo Sacerdote (pegando o copo cheio de vinho das mãos do mestre de cerimônias, que deve se colocar atrás dele):

“Que esta santa libação seja hoje o sinal da aliança de todos os franceses. É em tua honra, ó Divindade tutelar da França, que derramamos este vinho sobre a terra, que o sangue de nossos inimigos umedeça assim a nossa terra natal. (Derrama o vinho no chão.) Que nossos prazeres se transformem em vitórias, e que a vitória seja para nós um prazer.”

O Sumo Sacerdote (no meio do altar):

Glória: “Glória seja dada, no céu e na terra, aos homens livres. Nós te glorificamos, te bendizemos, te adoramos santa liberdade, porque asseguraste ao povo francês uma felicidade imorredoura, aniquilando os animais ferozes que viviam de seu sangue, conduzindo Luís Capeto, os brissotinos, fuldenses e outros à Guillotina...”

Sumo Sacerdote: “Que a igualdade esteja entre nós.”

Ministros: “Que nos una com os mais suaves laços.”

Credo: “Creio na declaração dos direitos do homem.”

(SABORIT, Ignasi Terradas. Religiosidade na Revolução Francesa.Rio de Janeiro: Imago, 1989, p.123)

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