"[o marximo] ao extrapolar os dados da experiência imediata além de toda a ciência e de toda filosofia pensável, o faz em virtude de uma energia mitologizante, que, em última análise, revela uma nítida origem religiosa: é uma invesão secularizada e atéia da esperança judaico-cristã, da mística, da teologia e do apocalipse católico. Nesta fé religiosa ao "revés" reside todo o dinamismo profético e messiânico do marxismo" (LANGLOIS, J. Miguel Ibáñez. El marxismo: Visión crítica. Madrid:Ed. Rialp, 1973, p. 16)
Trechos abaixo extraídos de: CAMUS, Albert. O homem revoltado. São Paulo: Ed. record, 2008. (*O testemundo de Camus é interessante pelo fato dele ter sido comunista e existencialista numa etapa de sua vida)
“o socialismo não é apenas a questão operária, é sobretudo a questão do ateísmo, de sua encarnação contemporânea, a questão da Torre de Babel, que se constrói sem Deus, não para da terra alcançar os céus e sim para rebaixar os céus até a terra.” (p.79)
Justiça sem Deus?
“A partir do instante em que o homem submete Deus ao juízo moral, ele o mata dentro de si mesmo. Mas qual é então o fundamento da moral? Nega-se Deus em nome da justiça, mas a idéia de justiça pode ser compreendida sem a idéia de Deus?” (p.82)
O mito do novo homem: o homem socialista
“A revolução consiste em amar um homem que ainda não existe” (p.120)
Apocalipse terrestrializado
‘Todos, erguidos contra a condição humana e seu criador, afirmaram a solidão da criatura, o nada de qualquer moral. Mas, ao mesmo tempo, todos procuraram construir um reino puramente terrestre em que reinariam as regras de sua escolha. Rivais do Criador, foram levados logicamente a refazer a criação por sua conta. Aqueles que recusaram qualquer outra regra ao mundo que criaram, a não ser a do desejo e a da força, correram para o suicídio ou para a loucura e anunciaram o apocalipse. Os outros, que quiseram criar as regras pela sua própria força, escolheram a vã ostentação, a aparência ou a banalidade; ou ainda o assassinato e a destruição.” (p.124)
Revolta metafísica
“Na verdade, a revolução é apenas a seqüência lógica da revolta metafísica” (p.131)
A recusa de Deus
“o espírito revolucionário assume a defesa da parte do homem que não quer se curvar. Ele tenta, simplesmente, dar-lhe o seu reino no tempo. Ao recusar Deus, ele escolhe a história” (p.132)
Futurização
“O futuro é a única transcendência dos homens sem Deus” (p.196)
Ativismo
“Mas todo socialismo é utópico, sobretudo o socialismo científico. A utopia substitui Deus pelo futuro.” (p.242)
O malogro da profecia marxista
“Hegel termina soberbamente a história em 1807; os saint-simonistas consideram que as convulsões revolucionárias de 1830 e 1848 são as últimas; Comte morre em 1857, quando se preparava para ocupar a tribuna a fim de pregar o positivismo para uma humanidade afinal desiludida com os seus erros. Com o mesmo romantismo cego, Marx por sua vez profetiza uma sociedade sem classes e a resolução do mistério histórico.” (p.244) As previsões de Marx foram questionadas pela realidade.
“De que modo um socialismo, que se dizia científico, pôde entrar em tal conflito com os fatos? A resposta é simples: ele não era científico. Seu malogro decorre ao contrário de um método bastante ambíguo que se mostrava ao mesmo tempo determinista e profético, dialético e dogmático. (...) Marx e os marxistas deixaram-se levar pela profecia do futuro” (p.254)
“O marxismo não é científico; tem, no máximo, preconceitos científicos.” (p.255)
*KARL POPPER também advetiu, já em 1919, o caráter pseudo-científico do marxismo. Popper demonstra que Marx apóia-se numa consideração apresentada como sendo resultante da experiência histórica mas que, de fato, não passa de um determinismo sem qualquer suporte científico. (Cf. POPPER, Karl. Sociedade Aberta e Seus Inimigos)
Uma revolução condenada que vive sob princípios falsos
“O pensamento histórico [segundo Marx] devia livrar o homem do jugo divino; mas essa libertação exige dele a submissão mais absoluta ao devir. Corre-se então para a permanência do partido, como antes se corria para o altar. Por isso, a época que ousa dizer-se a mais revoltada só oferece uma escolha: conformismos. A verdadeira paixão do século XX é a servidão.” (p.270)
A contradição última da revolução está no fato de aspirar à justiça através de um séqüito ininterrupto de injustiças e de violências. (cf.p. 276)
*Comentário pessoal: A Reforma protestante atacou a autoridade divina da Igreja, a Revolução Francesa atacou o princípio divino que o Rei representava, etc...
Servidores da morte
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