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Hilaire Belloc define a heresia como a dissolução de um sistema completo e autofundado, causado pela introdução de uma novidade que nega alguma parte essencial do sistema. Sistema completo significa um todo coerente, donde as partes se sustentam entre elas. A heresia não é negar completamente o sistema: ela vive dentro do sistema, destruindo-o em parte, mas deixando um grande setor da estrutura em pé. Esta é a força das heresias: sobrevivem graças a parte de verdade que contêm. Mas o que se refere ao sistema completo de crenças que é a doutrina cristã, quando se nega uma parte do sistema se pode manter por algum tempo as aparências de continuidade, mas, depois de um breve período, se notará que o cristianismo sem uma parte já não é cristianismo. Como a fé católica não é somente uma questão de consciência, senão que influi radicalmente na vida dos indivíduos e da sociedade, a heresia torna-se um objeto de estudo histórico. Toda sociedade tem uma visão última da vida, que tem um caráter religioso. Quando se trata de mudar este fundo religioso se produz não somente uma transformação teológica,senão também uma transformação social. Belloc põe o exemplo da negação da imortalidade da alma.Esta verdade, que a alma seja imortal, é uma parte da doutrina cristã. Se se nega, a atitude existencial dos indivíduos e da sociedade mudará necessariamente. Se pode continuar crendo na Trindade e na Divindade do Verbo Encarnado, mas o cristão que não admite uma vida eterna já não é cristão, e se comportará no modo distinto dos que tem conservado a fé íntegra. (233)
"A crise atual é o último fruto amargo da Reforma: teve início destruindo a unidade e negando a existência de uma autoridade central, e se tem chegado a afirmação da autosuficiência do homem e a criação de ídolos." (237)
"A fé assinala os limites à razão, os mistérios superam a capacidade de nossa inteligência, mas deixa que a razão siga sendo soberana nos âmbitos que pertencem a sua própria esfera. Quando a razão cai, cai com ela também a fé e a moral: uma razão débil não pode sustentar nenhuma convicção moral. No âmbito político, a ausência da razão faz que a autoridade se baseie na força." (238)
Hilaire Belloc apud MARIANO FAZIO, Cristianos en la encrucijada,Rialp.
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