Rosacrucianismo do século XVII: um rebento da apostasia protestante
A maioria dos historiadores apontam, a origem do rosacrucianismo num grupo de protestantes alemães, por volta de 1604 ou 1605. De fato, é sabido que o teólogo luterano Johannes Valentin Andreae (1586-1654) foi o autor de um dos manifestos rosacruzes, e também sabe-se que os outros manifestos saíram de seu círculo formado em Tubingen, na Alemanha(Cf. Christopher McIntosh, A Rosa e a Cruz, ed. Record). O próprio símbolo rosacruz é de inspiração protestante, baseado no brasão de armas de Martinho Lutero (veja as imagens acima, a primeira de cima para baixo é o brasão de armas do herege Lutero, e a outra o brasão da rosacruz).
Outro dado importante, e que revela o teor protestante do movimento, é que a maioria dos panfletos rosacruzes dirigia-se contra a influência do bispo de Roma, Papa. Um outro detalhe dos manifestos do século XVII, evidencia ainda mais o caráter protestante do movimento rosacruz, e pode ser encontrado num panfleto publicado em 1614, em nome dos rosacruzes: o “Fama Fraternitatis” onde o(s) autor(es) admitem apenas dois sacramentos instituídos pela Igreja da Reforma, isto é, a que foi fundada pelo heresiarca Lutero. Diz o panfleto : “Nós também celebramos os Sacramentos instituídos pela primeira Igreja reformada, com as mesmas fórmulas e cerimônias.” Ora, isto faz parte da profissão de fé luterana.
E por fim, o rosacrucianismo do século XVII (os "rosacrucianismos" modernos, são rebentos do ocultismo do século XIX) insiste num elemento essencial da teologia protestante: a suposta idéia da existência de uma única Igreja invisível e interior (Cf. La Iglesia interior, Conde Loupokhine; A Nuvem sobre o santuário, Karl von Ekharthausen). É verdade que os Santos e os Anjos que estão no Céu (a Igreja triunfante), as almas do purgatório (a Igreja padecente) - são para nós, do ponto de vista católico, invisíveis, já que estamos falando de seres espirituais ou das almas dos bem-aventurados. Mas antes tudo é preciso deixar claro que, a Santa Igreja é antes de tudo UNA - "Una vero est fidelium universalis Ecclesia", Ou, nos dizeres de São Paulo: "Nós, embora sendo muitos, somos um só Corpo em Cristo" Rm 12,5.
Os primeiros a tentarem estabelecer, de modo sistemático, uma dicotomia na Igreja foram os gnósticos do século II, que faziam distinção entre a Igreja invisível dos espirituais e a Igreja visível do clero. Aos gnósticos seguiram, em maior ou menor grau, todos os movimentos rigoristas, e continuam com Novaciano, Donato e todos os que na Idade Média opunham uma comunidade espiritual de predestinados à Igreja visível e numerosíssima de Roma. Incluem-se nessa corrente gnóstica os movimentos dos cátaros, valdenses, albigenses, wiclifitas, hussitas e de muitos reformadores protestantes." (A Fé Católica - Justo Collantes, pg. 541(art. 7055) - Lumen Christi - RJ).
O mesmo erro torna a aparecer com os "fraticelli", ou os "espirituais" - pequeno grupo separado da Ordem de São Francisco - levando o Papa João XXII a condenar tais heresias: "O primeiro erro forjado na tenebrosa oficina desses homens foi, portanto, imaginar duas Igrejas: uma, carnal, abarrotada de riquezas, manchada de crimes, sobre a qual afirmam terem o domínio o Romano Pontífice e os outros prelados inferiores; outra, espiritual, pura por temperança, bela pela virtude, cingida com a pobreza, na qual se encontram só eles e seus seguidores e na qual têm autoridade, a dar crédito a suas mentiras, os que mais mérito têm na vida espiritual" - Constituição Gloriosam Ecllesiam de 23.1.1318.
Já no Concílio de Trento, o primeiro projeto da Constituição sobre a Igreja dizia:
"Ninguém, porém, deve jamais crer que os membros da Igreja se unem por meio de vínculos exclusivamente internos e ocultos (latentibus) e assim se torne ela uma sociedade oculta e totalmente invisível. Porque quis a eterna Sabedoria e o poder de Deus que, aos vínculos espirituais e invisíveis, com que intimamente se unem os fiéis, por meio do Espírito Santo, à suprema e invisível Cabeça da Igreja, correspondessem laços visíveis e externos, para que aquela sociedade espiritual e sobrenatural se manifestasse externamente e se revelasse visivelmente... Donde se conclui que a igreja de Cristo na terra nem é invisível, nem está oculta, mas posta à luz, como uma cidade alta e luminosa construída no monte, que não pode estar escondida, ou, como lâmpada sobre o condelabro, é iluminada pelo Sol da justiça e resplandece sobre todo o mundo com a luz de Sua verdade" (A Fé Católica - Justo Collantes, pg. 562 (art. 7101) - Lumen Christi - RJ).
Portanto, A Igreja é tão visível quanto invisível, tão divina quanto humana. É visível por ser composta de congregações concretas que participam da adoração aqui na terra; invisível por também incluir santos e anjos. É humana, pois seus membros terrestres são pecadores; divina por ser o Corpo de Cristo. Não existe separação entre o visível e o invisível, entre (usando a terminologia ocidental) a Igreja militante e a triunfante pois as duas constituem uma realidade única e constante. "A Igreja visível, ou na terra, vive em completa comunhão e unidade com o Corpo da Igreja na qual Cristo é o Chefe" (Khomiakov, The Church is one, seção 9).
O Magistério autêntico da Igreja, então, quando usa a frase "Igreja visível e invisível," insiste em dizer que há apenas uma Igreja e não duas. Como disse Khomiakov:
"É apenas em relação ao homem que é possível reconhecer a divisão da Igreja em visível e invisível; sua unidade é, na realidade, verdadeira e absoluta. Aqueles que vivem na terra, aqueles que já terminaram o seu curso terreno, aqueles que como anjos não foram criados para viver na terra, os de gerações futuras que ainda não começaram sua rota terrena, estão todos reunidos em uma única Igreja, na única e eterna graça de Deus... A Igreja, Corpo de Cristo, manifesta-se adiante e completa-se no tempo sem mudar sua unidade essencial ou vida de graça interna. Portanto, quando falamos de "Igreja visível e invisível," falamos apenas em relação ao homem (The Church is one, seção, seção 1).
De acordo com Khomiakov, a Igreja é realizada na terra sem perder suas características essenciais; para Georges Florovsky, ela é "a imagem viva da eternidade no tempo" (‘Sobornost: The Catholicity of the Church, in The Church of God, editada por E.L. Mascall,p. 63).
Dessa forma, a Santa Madre Igreja não olvida a existência de um elemento humano assim como um divino na Igreja. A Igreja é uma realidade única, terrena e celestial, visível e invisível, humana e divina. Se levarmos a sério a ligação entre Deus e sua Igreja, devemos inevitavelmente pensar na unidade da Igreja, assim como Deus é uno: existe apenas um Cristo, portanto existe apenas um Corpo de Cristo. Tampouco esta unidade é meramente ideal e invisível; a teologia católica e também ortodoxa recusam-se a separar a "Igreja visível" da "invisível" e portanto recusa-se a dizer que ela é invisivelmente e visivelmente dividida. Não: a Igreja é uma, de forma que aqui na terra existe uma comunidade única e visível, que pode declarar-se a única e verdadeira Igreja. A "Igreja indivisível" não é apenas algo que existiu no passado e que esperamos que volte a existir no futuro: é algo que existe aqui e agora.
Unidade é uma das características essenciais da Igreja, e já que ela, apesar de seus membros pecadores, conserva todas essas características, continua e sempre será visivelmente una. A Igreja é uma realidade única, terrena e celestial, visível e invisível, humana e divina.
Deste modo, o rosacrucianismo é mais um das mazelas produzidas pela heresia protestante, e que absorveu a mentalidade característica de uma época que vivia permeada de motivações místico-mágicas(Cf. Klaas Woortmann, Religião e ciência no Renascimento, ed. UNB; Frances Yates, Giordano Bruno e a Tradição Hermética, Ed. Pensamento) espicaçando o imaginário e a mentalidade subjetivista, dando origem a sociedades secretas “rosacruzes”. As asas que deram a imaginação foram tantas que muitos acabaram por tentar remontar suas origens à mais remota antiguidade, ou até ao absurdo de remontá-la à origem dos tempos !!! Hoje pululam, malignas e soberbas dessas sociedades, filhas do submundo da Revolução Francesa, e do ocultismo do século XIX.
Unidade é uma das características essenciais da Igreja, e já que ela, apesar de seus membros pecadores, conserva todas essas características, continua e sempre será visivelmente una. A Igreja é uma realidade única, terrena e celestial, visível e invisível, humana e divina.
Deste modo, o rosacrucianismo é mais um das mazelas produzidas pela heresia protestante, e que absorveu a mentalidade característica de uma época que vivia permeada de motivações místico-mágicas(Cf. Klaas Woortmann, Religião e ciência no Renascimento, ed. UNB; Frances Yates, Giordano Bruno e a Tradição Hermética, Ed. Pensamento) espicaçando o imaginário e a mentalidade subjetivista, dando origem a sociedades secretas “rosacruzes”. As asas que deram a imaginação foram tantas que muitos acabaram por tentar remontar suas origens à mais remota antiguidade, ou até ao absurdo de remontá-la à origem dos tempos !!! Hoje pululam, malignas e soberbas dessas sociedades, filhas do submundo da Revolução Francesa, e do ocultismo do século XIX.