SANTOS COMO OBRAS DE ARTE DE DEUS


SANTOS: OBRAS-PRIMAS DO ESPÍRITO SANTO

Prof. Daniel André

A Igreja é "a casa da santidade"
(João Paulo II, Acta Apostolicae Sedis,
vol. XCIV, 3 de Maio de 2002, n. 5).



A sociedade atual despreza a santidade, ama o vício. É escrava das paixões, inimiga da santidade. A árvore má do protestantismo também rejeita os santos. Desdenha, pois sua árvore má não dá bons frutos, é estéril.

Sabemos que os católicos progressistas também perderam todo interesse pelos santos, e não raras vezes dão mostras de uma hostilidade cheia de ressentimentos para com eles, adoram os revolucionários. Os católicos de estatística do IBGE também não ligam para que é santo, tomam superstições por coisas santas, e só vão às festas dos santos para diversão. Nada de imitar as virtudes dos santos. Nada de santidade.

Na verdade, tais coisas são apenas mais um dos sintomas de decadência espiritual e de perda do senso do sobrenatural que se difundiu na sociedade contemporânea e atingiu os católicos.

Para muitos fiéis, incluindo parte considerável do clero, as atividades humanitárias e sociais exercem maior atração do que a santidade. Tornaram-se cegos à Luz de Cristo. Perderam o sentido cristão da existência. “Aquele que se preocupa mais com as prosperidades terrenas da humanidade que a sua santificação perdeu a visão Cristã do universo” disse Dietrich Von Hildebrand, e perderam mesmo. Não enxergam mais o mundo com olhos cristãos, vêem como pagãos. Esqueceram-se de que “qualquer santo glorifica mais a Deus do que todos os melhoramentos de bem-estar terrestres” (HILDEBRAND, Dietrich Von. Cavalo de Tróia na Cidade de Deus. Agir, p. 224).

Os santos são um lampejo da glória sobrenatural. Os santos são obras de arte do Espírito Santo. O Espírito Santo foi prometido à Igreja (João 14:16) e foi dado à Igreja (João 20:22 e Atos 1:4 e 2:1-4). Jesus afirmou que o mundo não podia receber o Espírito Santo: "Espírito da verdade, que o mundo não pode receber..." (João 14:17). E não recebeu mesmo. Quem recebeu foi a Igreja, a católica. Por isso, só encontramos santidade na Igreja católica. S. Basílio dizia: Fora do Espírito, porém, não há santidade” (Tratado sobre o Espírito Santo, 15, 38). E o Espírito está na Igreja: “A Igreja é o local onde floresce o Espírito Santo” (S. Hipólito de Roma, Tradição Apostólica, III, 88,15).


A Igreja católica é a árvore boa que dá frutos de santidade. Os santos são frutos do Espírito: “substância inteligente, de poder infinito, grandeza ilimitada, fora do tempo e dos séculos, em nada ciosa de seus próprios bens. Para ele voltam-se todos os que anseiam pela santificação, para ele se dirigem os anelos dos que vivem segundo a virtude, quantos recebem o refrigério de seu sopro, e são amparados para alcançar o fim adequado a sua natureza. Aperfeiçoa os outros, enquanto ele mesmo de nada carece. Não é um ser que precise se refazer; ao contrário é provedor de vida. Não aumenta progressivamente, mas logo possui a plenitude; é consistente por si mesmo, está em toda parte. Origem da santificação, luz inteligível, concede por si mesmo certa iluminação a toda faculdade racional, a fim de que descubra a verdade. Inacessível por natureza, faz-se, contudo, inteligível, por bondade. Seu poder enche todas as coisas, mas somente se comunica aos que são dignos, não, porém, numa só medida, mas opera proporcionalmente a fé.” (São Basílio Magno, Tratado sobre Espírito Santo, 9, 22)

Pascal dizia que "para fazer de um homem um santo, só é necessária a Graça. Quem duvida disto não sabe o que é um santo, nem o que é um homem". E é isso mesmo. Basta a graça de Deus (2Cor 12,9). E a graça que foi derramada na Igreja não ficou estéril, frutificou.
Existem muitos santos na vida da Igreja, como muitas flores distintas num belo jardim: “No esplendor dos santos há, de fato muitas moradas junto do Pai (Jo 14,2), isto é, honras diversas.” (S. Basílio, Idem, c.15, 40).


“E não necessariamente é um grande santo aquele que possui carismas extraordinários. Efetivamente, existem numerosos deles cujos nomes só são conhecidos por Deus, porque na terra levaram uma existência aparentemente normalíssima. E em geral são queridos por Deus precisamente estes santos "normais". (PAPA BENTO XVI, AUDIÊNCIA GERAL, 20 de Agosto de 2008)

A santidade não consiste em fazer coisas extraordinárias, senão em fazer coisas ordinárias, mas extraordinariamente bem feitas. (Cf. ZUBIRI, Xavier. El problema teologal. Alianza, p. 56)

Mas o mundo não compreende a santidade, como não compreende a Igreja. Para compreender a Igreja, é necessário conhecer os santos, que são o seu sinal e o seu fruto mais amadurecido e eloquente. Por isso, o mundo não conhece a Igreja, só conhece “mulheres melancias”, “Che-guevaras” , "Big-Brothers" e "Ronaldos".

“Os santos são como faróis; eles indicaram aos homens as possibilidades de que o ser humano dispõe. Por isso, são interessantes também do ponto de vista cultural, independentemente da abordagem cultural, religiosa e de estudo com que nos aproximemos deles. Um grande filósofo francês do século XX, Henry Bergson, observou que "as maiores personagens da história não são os conquistadores, mas os santos". (MARTINS, José Saraiva (cardeal). Congregação para as causas dos santos, O significado dos santos hoje num mundo em mudança)


O Papa Bento XVI na audiência geral de 20 de Agosto de 2008 citando Hans Urs von Balthasar escrevia belamente: “que os santos constituem o comentário mais importante ao Evangelho, uma sua atualização na vida quotidiana e, por conseguinte, representam para nós um verdadeiro caminho de acesso a Jesus. O escritor francês Jean Guitton descrevia-os "como as cores do espectro em relação à luz", porque com as suas próprias tonalidades e matizes cada um deles reflete a luz da santidade de Deus."

Eles são, como disse acima, lampejos da glória sobrenatural. São reflexos da Sagrada Humanidade de Cristo, obras-primas do Espírito Santo. Como dizia o cardeal Saraiva Martins :“Eles traduzem o divino no humano, o eterno no tempo".


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